quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dr William Lane Craig: A Surdez do Ateu



Filosofia e Apologética Cristã: Dr William Lane Craig: A Surdez do Ateu: "Dr Craig apresenta uma realidade muito comum e triste. Muitos ateus parecem ser literalmente surdos quando debatem sobre a existência de ..."

Visitem o blog do meu amigo Mike Moore:
http://mikemooreac.blogspot.com/

domingo, 21 de novembro de 2010

A Religião de Karl Marx



Essa reflexão é fruto de mais um dos inúmeros trabalhos que tenho que entregar neste final de período da faculdade. O texto baseia-se numa reflexão sobre o sexto capítulo de Filosofia da Religião de Giuseppe Staccone.

Pode-se considerar Karl Marx, ao lado de Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche e Charles Darwin, como um dos alicerces do espírito ateísta de nossos tempos. “Religião é o ópio do povo” sentenciou Marx seguido, então, por muitos “intelectuais” contemporâneos. Entretanto, ao contrário desses outros pensadores ateus¹ citados, Marx nunca escreveu um tratado específico contra a religião. Seu espírito anti-eclesiástico e ateísta era manifesto através de suas obras.

O ateísmo parece ser um pressuposto da teoria marxista, já que a religião, mais especificamente a Igreja Romana, é alicerce da tradição e, portanto, da superestrutura da sociedade contemporânea. A revolução marxista implica a subversão desses valores da tradição e, portanto, de seu maior representante: A Igreja  Católica Apostólica Romana. Antonio Gramsci parece ter entendido isso perfeitamente no seu conceito de hegemonia e do intelectual orgânico. Este é o sustentador daquela. Assim, para que a revolução comunista procedesse fazia-se necessária a formação de intelectuais orgânicos vinculados à causa marxista. Estes seriam os responsáveis pela subversão dos valores da tradição e abririam espaço para recepção da revolução comunista. Não há verdade para eles, tal conceito é puramente burguês. O que importa é a construção de uma nova realidade que terá como fim o proletário.

Karl Marx foi influenciado pelos jovens hegelianos e sua crença na completa desassociação entre Filosofia e Teologia. Eles defendiam a completa emancipação da Filosofia do domínio da Teologia. A racionalidade encontra seu ápice aí, embora eu acredite que implícito nesse conceito de racionalidade esteja o conceito de naturalismo, isto é, a cosmovisão que concebe o universo, digamos, como uma caixa fechada onde tudo que existe e acontece encontra-se dentro desta caixa, portanto, as explicações e causas devem ser buscadas no interior dessa caixa. Não há espaço para influências externas tais como um Deus ou qualquer entidade metafísica. Essa concepção de racionalidade me parece deveras errônea. Não há nenhuma necessidade lógica do naturalismo para a racionalidade. Até porque se, de fato, houver um ser tal como Deus ou houver alguma ordem sobrenatural atuante, ou criadora, no universo fica difícil compreender como poderemos chegar a alguma conclusão racional sobre o universo e nossa existência sem levarmos em consideração tal pressuposição. Foi C.S. Lewis quem sabiamente afirmou que a última coisa que a questão de Deus pode ser é ser “mais ou menos importante”, pois das duas possíveis – e antagônicas - respostas a essa pergunta se derivam conclusões radicalmente opostas.

Se me for permitido fazer um comentário fruto das minhas convicções cristãs, cito um trecho do prefácio do livro Theology and the Kingdom of God do teólogo alemão Wolfhart Pannenberg. Pannenberg é um crítico do subjetivismo teológico de R. Bultmann e K. Barth. Para ele a teologia cristã é uma dentre outras conflitantes cosmovisões que buscam se impor e explicar o universo e a natureza humana. A Teologia é uma empreitada pública aberta ao escrutínio da razão. Traduzindo livremente:

Se por razão alguém quer dizer as ideias que constituem a sabedoria convencional, então há muito na sabedoria bíblica que é “irracional”. Jesus disse que os últimos serão os primeiros, aquele que perde a sua vida a ganhará, e outros ensinos aparentemente irracionais. Paulo afirma que é um tolo por Cristo. Tais afirmações, insiste Pannenberg, não constituem um abandono da razão. Ao contrário, o argumento de Paulo é que seus oponentes estão arrazoando a partir de falsas premissas, pelas quais ele seria julgado como tolo. Contra isso ele afirma um outro conjunto de premissas e procede a defender a racionalidade de sua posição. Da mesma forma, Jesus convidou seus discípulos a segui-lo porque seu estilo de vida era razoável.

Vemos, então, o contraste do pensamento de Pannenberg e o pensamento moderno, como também do pensamento teológico de R. Bultmann e K. Barth. A racionalidade de uma proposição depende das premissas nas quais ela está baseada, portanto, a questão metafísica sobre a existência ou não de uma ordem sobrenatural é de fundamental relevância, mas jamais o naturalismo pode ser uma exigência lógica da racionalidade. Em síntese, o que temos aqui é um conflito entre cosmovisões diametralmente opostas: o naturalismo contra o supranaturalismo.

Mas, voltemos ao texto sobre Karl Marx. Para Marx a filosofia tem sua própria confissão de fé: o ateísmo, a radical negação de todos os deuses. Disse ele:

A Filosofia, enquanto uma gota de sangue palpitar em seu coração, triunfador do mundo e inteiramente livre, não cessará de clamar com Epicuro aos adversários: Não é ateu quem despreza os deuses da multidão e sim aquele que adere às opiniões do vulgo acerca dos deuses. A Filosofia não dissimula. A profissão de fé de Prometeu, resumida nesta única frase: 'odeio de coração a todos e a cada um dos deuses', é sua própria profissão de fé, seu lema contra todos os deuses do céu e da terra que o reconhecem a autoconscncia humana como a divindade suprema. Não pode haver outro deus ao lado deste"
Discordo, como já explicitei, da exigência naturalista para o pensamento filosófico. Aqui, então, gostaria de denunciar o que me parece ser a religião de Marx: a autoconsciência humana. Como pode Marx ter essa certeza da centralidade da autoconsciência humana? Parece-me que aqui vemos um compromisso religioso de Marx e, acho que posso dizer, do Marxismo. Não seria também essa posição uma espécie de ópio? Em que se apoiaria tal proposição marxista para que possamos julgá-la como racional ou não? Parece-me que não há lá como fundamentar tal afirmação. Aqui temos uma pressuposição marxista. Uma pressuposição religiosa. Naturalista é verdade, mas ainda assim religiosa tal como Paul Tillich definiu a fé religiosa: “estar tomado por aquilo que nos toca de forma última”. A pressuposição marxista me parece tão dogmática quanto qualquer pressuposição religiosa. Isso se evidencia ainda mais nas promessas utópicas do marxismo ao sonhar com um tempo onde os homens terão tudo em “comum” sem sequer a necessidade do Estado, que será abolido por fim. Isso nada mais é do que trazer a esperança cristã de um vindouro Reino de Paz para o presente. Nas minhas limitações filosóficas não encontro diferença nenhuma entre  tal crença marxista e a religiosa.


¹ Um leitor me questionou pelo fato de eu ter colocado Darwin entre "pensadores ateus", pois ele não era ateu e sim agnóstico. Ele tem razão, Darwin nasceu anglicano, foi leitor de William Paley, mas morreu agnóstico e não ateu como eu dissera. Veja sobre a visão religiosa de Darwin aqui.
². PARINETTO, L., Karl Marx sul/a religione, ed. La Nuova Itália, Firenze, 1980 -
(é uma antologia de 585 páginas de textos marxianos sobre a religião, com relativos breves
comentérlos) - p, 148,

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA




A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 [LINK http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808] e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Argumento Ontológico de Sto. Anselmo



Provas da existência de Deus são, para mim, um assunto fascinante devido a seu teor altamente especulativo e por dar ampla margem à criatividade da razão humana. Além de mexer com algo que é inerente a todo ser humano – Deus. Há basicamente dois tipos de argumentos para existência de Deus: (1) argumentos a priori e (2) argumentos a posteriori. Argumentos a posteriori são argumentos que partem da experiência para inferir a existência de Deus; já os argumentos a priori independem da experiência, partindo somente de conceitos da razão humana. O maior exemplo de argumento a priori é o Argumento Ontológico que analisaremos aqui. O Argumento Ontológico é, certamente, um dos mais fascinantes destes argumentos. É altamente controverso e especulativo. Difícil de ser derrubado, mas, curiosamente, “é difícil de eliminar a desconfiança de que nela haja algo de fundamentalmente errado”¹. Seu poder de fascínio é tanto que raros filósofos, desde Anselmo, o ignoraram. Muitos para defendê-lo, como Descartes, Espinosa, Leibniz, e, mais recentemente, Plantinga, Norman Malcolm e Maydole; seja para refutá-lo, como Kant; ou, muitas das vezes, ridicularizá-lo como fez Schopenhauer taxando-o de “uma piada fascinante” - posição, diga-se de passagem, partilhada por boa parte dos filósofos que o analisaram. Procedamos, então, à análise do argumento para ver o que de tão intrigante há neste pensamento de Anselmo de Cantuária.

Anselmo havia recentemente terminado a obra Monologium, onde ele discute a existência de Deus por meio de argumentos cosmológicos e morais. Porém, Anselmo não ficara satisfeito com a complexidade de sua argumentação e continuava a buscar um único e suficiente argumento capaz de estabelecer racionalmente a existência de Deus e de Seus atributos. Nas palavras do próprio:

Mal acabei de escrever um opúsculo [o Monológio], acendendo aos pedidos de alguns irmãos, o qual servisse como exemplo de meditação sobre os mistérios da fé para um homem que busca, em silêncio, descobrir, através da razão, o que ignora, e dei-me conta de que essa obra era difícil de ser entendida devido ao entrelaçamento das muitas argumentações. Então comecei a pensar comigo mesmo se não seria possível
encontrar um único argumento que, válido em si e por si, sem nenhum outro, permitisse demonstrar que Deus existe verdadeiramente e que ele é o bem supremo, não necessitando de coisa alguma, quando, ao contrário, todos os outros seres precisam dele para existirem e serem bons. Um argumento suficiente, em suma, para
oferecer provas adequadas sobre aquilo que cremos acerca da substância divina. Ao dirigir com zelo e freqüência o pensamento para esse fim, às vezes parecia-me ter alcançado o objetivo; outras, tinha a impressão que se me embaciava a mente. Por fim, desanimado, procurei deixar de lado a tarefa, julgando impossível conseguir o que buscava. Mas, por mais que me esforçasse por afugentar o propósito, porque me afastava de outras ocupações profícuas, ele voltava a mim com insistência crescente. No entanto, um dia, quando já estava cansado de resistir a essa perseguição inoportuna, justamente no calor do conflito dos meus pensamentos, eis que se me apresenta a idéia que já desesperara de encontrar. Acolhi-a com tanto entusiasmo quanto empenho colocara em rechaçá-la.

Vemos aqui que após a redação do Monologium, Anselmo ficou insatisfeito com sua complexa argumentação e dificuldade de que seu pensamento fosse acompanhado. Ele, então, resolve escrever o seu argumento e temos o que se segue:


Então, ó Senhor, tu que nos concedeste a razão em defesa da fé, faze com que eu conheça, até quanto me é possível, que tu existes assim como acreditamos, e que és aquilo que acreditamos. Cremos, pois, com firmeza, que tu és um ser do qual não é possível pensar nada maior. Ou será que um ser assim não existe porque “o insipiente disse, em seu coração: Deus não existe”? [Sl 13,1] Porém, o insipiente, quando eu digo: “o ser do qual não se pode pensar nada maior”, ouve o que digo e o compreende. Ora, aquilo que ele compreende se encontra em sua inteligência, ainda que possa não compreender que existe realmente. Na verdade, ter a idéia de um objeto qualquer na inteligência, e compreender que existe realmente, são coisas
distintas. Um pintor, por exemplo, ao imaginar a obra que vai fazer, sem dúvida, a possui em sua inteligência; porém, nada compreende da existência real da mesma, porque ainda não a executou. Quando, ao contrário, a tiver pintado, não a possuirá apenas na mente, mas também lhe compreenderá a existência, porque já a executou. O insipiente há de convir igualmente que existe na sua inteligência “o ser do qual não se pode pensar nada maior”, porque ouve e compreende essa frase; e tudo aquilo que se compreende encontra-se na inteligência. Mas “o ser do qual não é possível pensar nada maior” não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro ser existente também na realidade; e que seria maior. Se, portanto, “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrário, pensar
algo maior: o que, certamente, é absurdo. Logo, “o ser do qual não se pode pensar nada maior” existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade.


Assim, para Anselmo, o próprio conceito de Deus de “o ser sobre o qual nada maior pode ser pensado” implica logicamente a Sua existência, visto que, se não existisse, poderia-se pensar um ser ainda maior que “o ser sobre o qual nada maior pode ser pensado”. Logo, tal ser existe no pensamento e, por conseguinte, na realidade. Anselmo conclui, portanto, que negar a existência de Deus é, como colocado no Salmo 13.1, tolice, pois não é sequer possível pensar sua inexistência. O tolo só nega algo tão evidente à razão humana justamente por ser “insensato e carente de raciocínio.

OBJEÇÕES PROPOSTAS

Gaunilo e sua Ilha Perdida:

Uma das mais populares estratégias dos detratores do Argumento Ontológico é a paródia. Gaunilo, um monge contemporâneo de Anselmo, escreveu uma livro intitulado “Em Defesa do Tolo” ou "Em Favor de Um Insipiente" onde parodiava o argumento de Anselmo substituindo Deus pela “Ilha Perdida”. O intuito de Gaunilo não era demonstrar a falha do argumento, mas sim que ao aceitarmos a lógica do argumento poderíamos inferir uma variedade enorme de seres que sabemos que não existem. A ilha perdida é a ilha da qual nenhuma maior pode ser concebida, portanto, tal ilha tem que existir necessariamente, já que se não existisse não seria a ilha mais perfeita concebível.

Aparentemente, a mesma lógica do Argumento Ontológico é usada por Gaunilo para provar a existência da “Ilha Perdida”. Isso nos deixa com apenas duas opções: (1) aceitarmos a existência de toda variedade de seres “Mais Perfeitos” que se possa conceber ou (2) negarmos a validade da lógica de Anselmo e, com ela, a conclusão sobre a existência de Deus. Tendo em vista que sabemos que a tal Ilha Perdida não existe, conclui-se que, da mesma forma, a existência de Deus não pode ser inferida a partir da lógica de Anselmo.

A Resposta de Alvin Plantinga: A Confusão Entre a Propriedade de Ilhas e as Propriedades de Deus

Alvin Plantinga, um dos responsáveis pela reintrodução do Argumento Ontológico nos debates filosóficos nas últimas décadas, responde à objeção de Gaunilo da seguinte maneira. Plantinga diz que a ideia de Deus difere das noções supostamente paralelas e tradicionalmente veiculadas pelos detratores do argumento. Por uma razão, as propriedades que determinam a excelência máxima de Deus possuem valores máximos intrínsecos, enquanto as propriedades formadoras de excelência de coisas como ilhas não as possuem.

Por exemplo, a onisciência é a propriedade de conhecer apenas e tão somente todas as verdades. É impossível conhecer mais verdades que isso. Por contraste, como no caso das ilhas, sempre poderá haver mais palmeiras ou dançarinas nativas – tais coisas não têm um valor máximo intrínseco! Portanto, não pode haver uma maior ou mais perfeita ilha concebível. Sempre se poderá conceber uma Ilha com uma ou duas palmeiras a mais. Além do mais, não está muito claro que existam propriedades formadoras de excelência objetivas de coisas como ilhas, já que alguém pode preferir uma ilha deserta, enquanto outra pessoa prefere uma ilha repleta dos mais luxuosos hotéis.

A ideia de uma Ilha Perida é um conceito vazio. Não é concebível, assim como não é concebível um número natural máximo, pois sempre se poderá conceber um número ainda maior. Tenta pensar no maior número natural possível. Seria 1 seguido de um bilhão de zeros vezes o mesmo número elevado a quadragésima potência? Não, ainda seria possível concebermos um número maior, portanto, assim como números é inconcebível conceber coisas tais como Ilhas num grau de perfeição máximo. Veja este exemplo do filósofo ateu William Rowe:

"Uma dificuldade em aplicar o raciocínio de Anselmo à ilha de Gaunilo é que devemos aceitar a premissa de que tal ilha é uma coisa possível. Mas isso parece exigir de nós que creiamos que uma coisa finita e limitada – como uma ilha – pode ter perfeições ilimitadas. Não parece ser possível tal coisa. Tente imaginar, por exemplo, um jogador de futebol do qual nenhuma maior é concebível. Quão rápido ele deveria correr? Quantos gols deveria fazer por jogo? Quão rápido deveria chutar a bola? Poderia ele cair ou sofrer um pênalti? Apesar de a frase, “o jogador de futebol do qual nenhum maior é concebível”, parecer ter sentido, assim que tentamos pegar a ideia de como tal ser seria nós descobrimos que não conseguimos formar nenhuma ideia coerente. Pois nós é requerido que pensemos em algo limitado – um jogador de futebol ou uma ilha – e, então, pensar nisso como possuindo perfeições ilimitadas e infinitas."
 
Assim, portanto, parece-nos que a objeção de Gaunilo não resiste a um escrutínio mais acurado e, então, o Argumento Ontológico permanece de pé. Vejamos, então, a próxima objeção.

Kant: Existência não é um predicado

A crítica mais influente e devastadora do argumento ontológico foi a de Immanuel Kant. Kant pensava que pelo fato do argumento ontológico se apoiar no juízo de que um Deus que existe é maior do que um que não existe, ele se apoiava numa confusão.

De acordo com Kant, a existência não é um predicado, não é uma propriedade que algo pode possuir ou não. Quando dizemos que Deus existe, não estamos dizendo que há um Deus e que ele possui a propriedade da existência. Se fosse esse o caso, quando disséssemos que Deus não existe estaríamos dizendo que há um Deus e que lhe falta a propriedade da existência, i.e, estaríamos ao mesmo tempo afirmando e negando a existência de Deus. Ao contrário, sugere Kant, dizer que algo existe é dizer que o conceito de tal coisa é exemplificado no mundo. Existência, portanto, não é questão de algo possuindo uma propriedade, existência, mas um conceito correspondente a algo no mundo.

Para ficar mais claro, suponha que déssemos uma completa descrição de um objeto, seu tamanho, peso, cor, etc... Se adicionármos, então, que esse objeto existe, ao fazermos isso não adicionamos nada ao conceito do objeto. O objeto é o mesmo existindo ou não; mesmo tamanho, cor e peso. O fato de que um objeto existe, de que ele é exemplificado no mundo, não muda nada sobre seu conceito. Afirmar que o objeto existe é dizer algo sobre o mundo, dizer que ele contém algo que se encaixa no conceito descrito; não é dizer nada sobre o objeto em si.

Se Kant estiver certo em sua visão de que existência não é uma propriedade, então é impossível comparar um Deus que existe com um Deus que não existe. Na visão de Kant um Deus que existe e um Deus que não existe são qualitativamente idênticos. Um Deus que existe é onipotente, onisciente, onipresente, etc. Um Deus que não existe é onipotente, onisciente, onipresente, etc. Ambos são iguais. Se isso estiver certo, então a alegação de Anselmo de que um Deus existente é maior do que um não-existente é falsa – nenhum é maior do que o outro – neste caso o argumento ontológico falha.

Norman Malcolm: Existência Necessária

Norman Malcolm encontrou uma outra versão do Argumento Ontológico no terceiro capítulo do Proslogium de Sto. Anselmo. Uma versão que, pelo que pareça, ainda não havia sido percebida. Nessa versão Sto. Anselmo identifica Deus como "o ser que não pode ser pensado como não existente", i.e, a existência a que se refere Sto. Anselmo é existência necessária. Um ser que existe necessariamente é um ser cuja inexistência implica uma contradição lógica. Ora, um ser que cuja inexistência implica uma contradição lógica é maior do que um ser cuja inexistência não implica uma contradição lógica. Assim, a lógica de Sto. Anselmo parece continuar válida, resistindo ao violento ataque de Immanuel Kant

Conclusão

Poderá a lógica de Sto. Anselmo ser derrubada? As defesas contra as objeções de Gaunilo e Kant são válidas? Penso que são. Não parece haver maneira de contornar a lógica de Sto. Anselmo, pelo menos não até o momento. Haverá alguém a ser persuadido pelo argumento? É difícil, pois o argumento parece sempre deixar o alerta de que algo, em algum lugar, está errado.

Referências Bibliográficas*:

1)Stanford Encyclopedia of Philosophy
2)CRAIG, William L. MORELAND, J.P. Ensaios Apologéticos, Hagnos.
3) ANSELMO. Proslogium. Edição Os Pensadores. Ed. Abril.

*Assim como no meu artigo sobre Gramsci, este também é em grande parte composto de um descarado CONTROL+C CONTROL+V das fontes. Coube a mim a organização das ideias.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Pedagogia de Antonio Gramsci


Não tenho dúvidas de que Karl Marx é um dos filósofos mais vivos nos nossos dias, pelo menos na realidade cultural brasileira. Podemos não viver num regime comunista, mas ainda assim não é difícil identificar a influência velada que o marxismo exerce nos veículos de comunicação, nas ciências humanas e, até mesmo, na exegese das Escrituras Sagradas, ou seja, sua influência viva no campo ideológico. Destarte, eis o motivo pelo qual eu escolhi o teórico marxista Antonio Gramsci para analisar sua pedagogia, que, após a queda do Muro de Berlim, foi providencial aos intentos marxistas. Gramsci foi um grande responsável pela difusão do marxismo no campo ideológico, como já dissemos acima, e isso inclui a disciplina da Pedagogia. Portanto, nada mais perninente à nossa realidade do que a análise do pensamento gramsciano.

Nascido no final do século XIX, na Sardenha, Antonio Gramsci foi um dos grandes teóricos da Esquerda. Foi jornalista, escritor, teórico e político italiano e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano. Tendo sido um bom estudante, Gramsci venceu um prêmio que lhe permitiu estudar literatura na Universidade de Turim. A cidade de Turim, à época, passava por um rápido processo de industrialização, com as fábricas da Fiat e Lancia recrutando trabalhadores de várias regiões da Itália. Os sindicatos se fortaleceram e começaram a surgir conflitos sociais-trabalhistas. Gramsci frequentou círculos comunistas e associou-se com imigrantes sardos.

Sua situação financeira, no entanto, não era boa. As dificuldades materiais moldaram sua visão do mundo e tiveram grande peso na sua decisão de filiar-se ao Partido Socialista Italiano. Esta é uma característica comum aos mais ávidos comunistas: um passado menos favorecido.

Por ser um grande opositor do fascismo de Benito Mussolini, Gramsci foi preso em 1926 e assim permaneceu até 1934, quando foi liberto por problemas de saúde. Ao proferir sua sentença o juiz disse: “Temos que impedir esse cérebro de trabalhar por uns vinte anos.” Veio a falecer pouco tempo depois. Foi nesse período encarcerado que Gramsci escreveu sua principal obra Cadernos do Cárcere. Vamos ver agora dois de seus principais conceitos e, subsequentemente, sua pedagogia.


Hegemonia

Antes de adentrarmos na pedagogia de Antonio Gramsci, há dois conceitos que precisam ser elucidados por serem os pressupostos de suas teorias pedagógicas. O primeiro deles é o conceito de hegemonia. O conceito de hegemonia alçou Gramsci ao panteão teórico das esquerdas. Segundo o autor, por hegemonia entende-se o movimento articulado - o bloco histórico formado pela estrutura e superestrutura - na direção das disputas politicas. A superestrutura compreende a estrutura jurídica (Direito e Estado) e ideológica (moral, política, religião...)

O conceito parece exercer um duplo papel na concepção gramsciana: (1) denunciar os instrumentos empregados pela "hegemonia burguesa" e (2) estabelecer uma estratégia eficaz para o triunfo das classes trabalhadoras.

Na leitura proposta por Gramsci, a sociedade é um organismo complexo e relacional, que não pode ser totalmente explicado em termos de um determinismo econômico mecanicista, como propusera o marxismo ortodoxo. Ele não negava a mais-valia, a luta de classes, o materialismo histórico, o fim do "Estado burguês", mas tentava mostrar o impacto poderoso de fatores morais, culturais e ideológicos nos processos sociais. Uma hegemonia, em suma, não se concretiza "apenas" com a posse dos meios de produção; a luta se dá também no campo ideológico. E aqui eu penso que está a grande contribuição de Gramsci à Esquerda. A luta não se dá apenas na tomada do Estado, na implantação da ditadura do proletariado, mas se dá também, ou prioritariamente, no campo ideológico, na subVersão das ideias que, para Gramsci, são intrinsecamente associadas à burguesia e que, portanto, precisam ser extirpadas para a implantação da revolução. Gramsci, portanto, procede a uma subversão profunda e sutil do status quo.

Ao contrário da maioria dos teóricos que se dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas ideias sobre educação surgem desse contexto.

Gramsci, que credita a Lenin os princípios gerais da hegemonia, deve ter lido com atenção a seguinte passagem de A Ideologia Alemã, de Marx e Engels: "a classe que dispõe dos meios de produção material dispõe também dos meios de produção intelectual".

Portanto, o poder das classes dominantes sobre o proletariado não reside somente no controle dos aparatos repressivos do Estado, mas na hegemonia cultural que as classes dominantes exercem sobre as dominadas, através do controle do sistema educacional, das instituições religiosas e dos meios de comunicação. Diz Olavo de Carvalho:

Para Gramsci, o conceito de “verdade” é burguês. Ele traz ao Marxismo o pragmatismo de seu mestre Antonio Labriola. Nesta, "verdade" não é o que corresponde a um estado objetivo, mas o que pode ter aplicação útil e eficaz numa situação dada. Enxertando o pragmatismo no marxismo, Labriola e Gramsci propunham que se jogasse no lixo o conceito de verdade: na nova cosmovisão, toda atividade intelectual não deveria buscar mais o conhecimento objetivo, mas sim a mera "adequação" das idéias a um determinado estado da luta social. Nesta nova cosmovisão, não haveria lugar para a distinção - burguesa, segundo Gramsci - entre verdade e mentira. Uma teoria, por exemplo, não se aceitaria por ser verdadeira, nem se rejeitaria por falsa, mas dela só se exigiria uma única e decisiva coisa: que fosse "expressiva" do seu momento histórico, e principalmente das aspirações da massa revolucionária. Dito de modo mais claro: Gramsci exige que toda atividade cultural e científica se reduza à mera propaganda política, mais ou menos disfarçada
Herbert Marcuse, outro famoso marxista da Escola de Frankfurt, já propusera que "o conceito geral que foi desenvolvido pela lógica discursiva tem seu fundamento na realidade da dominação." Ora, resta evidente que, para o marxismo, não havemos de recorrer às noções da Verdade ou da Lógica, pois fazer isso é sujeitar-se à ideologia dominante. Deste modo, para o marxista as demais coisas são julgadas a partir de seu único fim: a revolução. Daí observamos um total desprezo pela tradição clássica na cultura acadêmica contemporânea, qualquer apelo à Lógica é visto como uma tentativa de opressão do burguês contra o proletário oprimido (por proletário, hoje, pode-se entender "homossexual", "maconheiro da USP", etc.). Isso explica a animosidade contemporânea contra a Igreja Romana, o Cristianismo, os valores da família e demais instituições tradicionais e, por isso mesmo, inimigas do marxismo. Pode-se encontrar dezenas de afirmações como essas em qualquer marxista proeminente, bem como no próprio Manifesto do Partido Comunista.

Passemos para o próximo ponto, mas não antes de citarmos as palavras de Mao Tse-Tung:

A superação do velho pelo novo é a universal e eternamente inviolável lei do mundo... Tudo encerra uma contradição entre seu novo aspecto e seu velho aspecto, que constitui uma intrincada série de lutas... No momento em que o novo aspecto ganha a posição dominante sobre o velho aspecto, a qualidade da velha coisa transforma-se na qualidade da nova coisa. Assim, a qualidade de uma coisa é fundamentalmente determinada pel oaspecto principal da contradição que ganhou a posição dominante
Assim, não nos resta dúvida de que o que rege o pensamento, a moral e os valores marxistas são uma única coisa: a revolução, ou, nas palavras de Mao, o "novo".


Gramsci e o Intelectual Orgânico.

Gramsci não entende o homem como um produto natural, mas como produto histórico; como produto de específicas relações sociais e, ao mesmo tempo, como indivíduo dotado de singularidade insuprimível.

Considerando que o homem é sujeito de sua história, Gramsci propõe a difusão da cultura humanista e filosófica no âmbito da classe operária e dos "subalternos" de um modo geral; a formação do hábito de pesquisa, método e disciplina nos estudos; e a valorização da vontade moral.

Se o homem é sujeito da história, cabe a ele transformá-la subvertendo os valores tradicionais, e isso não será feito sem o intelectual. Cabe ao intelectual dar sentido à hegemonia do grupo social dominante, daí a importância de formar intelectuais com valores trabalhistas para que, então, a revolução seja bem-sucedida. A classe trabalhadora deveria produzir seus próprios intelectuais.

Gramsci difere entre dois tipos de intelectuais: (1) O intelectual orgânico, vinculado a uma "consciência de classe"; e (2) o intelectual tradicional, vinculado à anterior constituição histórica. Na briga pela hegemonia, os intelectuais orgânicos buscam absorver os tradicionais num processo em que o conhecimento se subordina à ação social.

A missão de Gramsci é catequizar outros intelectuais, que catequizarão lideranças de sindicatos e movimentos sociais, e estes haverão de mesclar o saber técnico e ideológico a sua práxis já testada e maturada no cotidiano social e do trabalho. Unidos na subversão dos valores tradicionais e do senso-comum. Gramsci é  de uma sutileza vil.

Não é por acaso, portanto, que as universidades brasileiras estão repletas de esquerdistas militantes. A cosmovisão marxista está presente explicitamente na filosofia e demais ciências humanas e, até mesmo, de forma mais suti,l na exegese bíblica. Há quem aponte, como fruto disso, para a "esquerdização" dos departamentos de informação, conhecimento e inteligência.

Gramsci e a Escola:

Para Gramsci a escola tinha um importante papel na análise da sociedade moderna. A escola era só mais um sistema de hegemonia ideológica onde os indivíduos eram direcionados a manter o status quo. A escola para Gramsci "deveria levar a criança até o ponto de escolha da profissão, formando-a durante esse tempo como uma pessoa capaz de pensar, estudar e governar - ou controlar aqueles que governam" (Gramsci 1971 p40)

Esse tipo de escola só poderia alcançar algum sucesso com a participação ativa dos alunos e, para que isso acontecesse, a escola deveria estar relacionada à vida cotidiana. O aprendiz deve ser ativo e não um "recipiente mecânico e passivo". O ensino deve educar a partir da realidade viva do trabalhador.

Gramsci defende uma escola não técnica, como era nos tempos de Mussolini, mas ele defende o que ele chama de "ensino desinteressado", ou seja, que interessa não apenas ao indivíduo, mas à coletividade. A educação deveria formar não só técnicos, mas intelectuais.

Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum - conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão. Foi Gramsci quem trouxe à pedagogia o conceito de formação da cidadania como um dos objetivos da escola.

Tudo isso marcou sua indispensável contribuição à área educacional (formal e informal). Gramsci chamou a atenção da escola, para que a mesma "não hipotecasse o futuro dos alunos; nem obrigasse suas vontades, inteligências, consciências e informações a se moverem na bitola de um trem com estação marcada", e sempre foi contra o "abstratismo didático e doutrinário". Almejava a formação "onilateral" do homem (integral, técnica e política). Seu método de ensino para o 2.o grau e Universidade, consistia "na investigação, no esforço espontâneo e autônomo do discente, e no qual o professor exerce apenas uma função de guia amigável".

Termino com uma citação de Olavo de Carvalho: “Como o que interessa [para Gramsci] não é tanto a convicção política expressa, mas o fundo inconsciente do "senso comum", Gramsci está menos interessado em persuasão racional do que em influência psicológica, em agir sobre a imaginação e o sentimento. Daí sua ênfase na educação primária. Seja para formar os futuros "intelectuais orgânicos", seja simplesmente para predispor o povo aos sentimentos desejados, é muito importante que a influência comunista atinja sua clientela quando seus cérebros ainda estão tenros e incapazes de resistência crítica. “


Referências Bibliográficas:
http://www.infed.org/thinkers/et-gram.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Gramsci
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u379.jhtm
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/antonio-gramsci-307895.shtml
Revista Filosofia Conhecimento Prático N.:19
http://www.olavodecarvalho.org/livros/negramsci.htm


 
Free Host | lasik surgery new york