quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Eu li Carta a Uma Nação Cristã - Sam Harris

Carta a Uma Nação Cristã - Sam Harris

Mais uma obra daqueles ateus contemporâneos que se julgam super-heróis simplesmente por dizerem: "Eu sou ateu", como se ainda vivessemos na Idade Média onde qualquer declaração similar tinha como punição a fogueira. Diferente da obra de Richard Dawkins, que tem como alvo todo tipo de crença no sobrenatural, Sam Harris escreve em forma de carta ao cristianismo, mais especificamente ao cristianismo norte-americano, e por isso, creio eu, sua crítica é superior a de Dawkins e mais efetiva em seus intuitos de erradicar a religião. Mas ainda assim, como não é novidade, boa parte dos argumentos não passam de reciclagens de argumentos ultrapassados formulados por ateus do século passado. Alguns dos argumentos de Sam Harris merecem uma resposta:

A Moralidade Bíblica

Sam Harris, como era de se esperar, faz menção as "atrocidades" veterotestamentárias na tentativa de desqualificar a Bíblia como um guia moral. Umas das questões colocadas é sobre a escravidão que é mencionada na Bíblia, e os escravos incentivados a obedecerem seus patrões. É claro que a escravidão como nós a conhecemos é um ato imoral, mas diferentemente da escravidão que nós temos em mente, os escravos dos tempos bíblicos não eram escolhidos por sua raça, mas sim por rendição em caso de guerra ou por dívida, quando alguém não tinha como pagar suas dívidas se vendia como escravo. E muitos dos escravos eram muito bem tratados, podendo até gerir negócios e ganhar o seu próprio dinheiro, muitos deles escolhiam por vontade própria permanecer até o fim da vida com seus senhores, pois, não tinham onde conseguir moradia e sustento que seus senhores o concediam. Além disso, no ano do Jubileu todos os escravos tinham de ser libertados. Sam Harris também faz uma critica aos 10 mandamentos principalmente pelo fato dos quatro primeiros mandamentos (aparentemente) nada têm a ver com moral mas sim com religião como "Não terás outros deuseus além de mim", o que ele esquece é que naquela época a adoração a outros deuses muitas vezes implicava em imoralidades como o sacrificio de crianças, e para que o mal pudesse ser cortado pela raiz mandamentos como esses se faziam necessários, até porque, como Feurbach e Freud disseram outrora, muitas vezes deus não passa de uma projeção de nossos desejos primitivos e recalcados. Imaginem como seriam os tempos do Velho Testamento se cada um moldasse deus de acordo com seus impulsos mais sombrios? Certamente muito pior do que as histórias de terror narradas no V.T.
O que faz a Bíblia o melhor dos guias morais é que ela foca na raiz de todo mal, a natureza humana, e por isso ela nos ensina que devemos nascer de novo, e nos despojar desse natureza pecaminosa que habita em nós. Se nós tomassemos ciência do egoísmo que nos domina e vivessemos o ideal altruista cristão certamente o mundo seria muito mais moral.

Consequências do Ateísmo

O fato de que as maiores atrocidades do século XX foram cometidas por ateus e movidas pelo ateísmo são diminuidas de forma covarde. Parece que o autor ignora que movidos pelo ateísmo Stálin e Mao Tse Tung lutaram violentamente contra a religião, destruindo Igrejas e matando sacerdotes. Harris tenta justificar tais atos dizendo que esses homens não eram racionais, ora, se isso serve como justificativa podemos usar do mesmo argumento para os cristãos que usaram do nome de Deus para colocarem em prática planos malignos que ficam devendo muito em crueldade aos de Stálin, Hitler e Mao.

O Péssimo Hábito Ateísta de Criticar o Que Não Entende

Na página 71, Sam Harris afirma "Qualquer leitura honesta do relato bíblico da criação sugere que Deus criou todos os animais e as plantas tais como nós os vemos agora. Não há dúvidas alguma de que a Bíblia está errada acerca disso." Essa afirmação parece ser muito verdadeira, para quem não se deu ao trabalho de ler os três primeiros capitulos de Gênesis. Em Gênesis 1.11, Deus cria a relva, plantas e arvores, porém vemos que em Gênesis 2.5 que a criação das plantas foi um processo, elas foram semeadas e cresceram, um processo que leva meses e não um dia, assim como acontece hoje quanto plantamos uma semente. O que indica claramente que cada criação de Deus em Gênesis 1 diz respeito não a criação das coisas como elas são em seu estado final mas sim apenas do potencial das coisas para se desenvolverem até o seu estado final. Mas sobre esse assunto eu escrevi no meu texto Uma Interpretação Não-Literal de Gênesis


Conclusão

Será que devemos temer o avanço do proselitismo ateísta no mundo inteiro? Creio que não. Muitas coisas boas podem ser tiradas dessa guerra ateísta contra a religião. Como já escrevi no texto sobre o documentário A Raiz de Todo Mal de Richard Dawkins, nós cristãos devemos encarar toda essa guerra teísta sob a ótica de Romanos 8.28. Tenho fé que toda essa afronta pode trazer bons frutos à religião em geral. Despertará os crentes para uma vida em acordo com suas crenças. E também trará uma importante lição para o debate entre fé e razão, religião e ciência. Assim como Dawkins, Sam Harris critica o respeito não-merecido que concedemos a religião, enquanto em todas as áreas de nossas vidas exigimos a verdade, em se tratando de religião suspendemos covardemente o raciocinio e apelamos para uma fé cega e irracional. Enquanto ninguém se baseia na fé nas questões pertinentes à história, em se tratando da origem da Bíblia ou da existência de Jesus Cristo a coisa muda. Não podemos mais adotar esse espirito irracional e anticientifico. Há tempo para mudar antes que a derrota seja decretada.


domingo, 28 de outubro de 2007

Eu li O Delírio de Dawkins - Alister McGrath & Joanna McGrath

O delírio de Dawkins - Alister & Joanna McGrath

Alister McGrath, professor de História da Teologia em Oxford, e sua esposa Joanna McGrath nesse pequeno livro põem à prova o fundamentalismo ateísta de Richard Dawkins em sua obra Deus, Um Delírio. O objetivo do livro não é responder a cada objeção colocada em Deus, Um Delírio, pois, segundo o autor, tornaria o livro extremamente pesado e enfadonho. Mas sim, avaliar a quão competente Dawkins é em seus juízos sobre a religião e deixar a conclusão final quanto a confiabilidade do mesmo para o leitor. O livro é simples e será útil aqueles que se deixaram abalar pelo livro de Dawkins, já para aqueles com conhecimento suficiente para não se influenciar pelas idéias equivocadas e sem fundamento de Deus, Um Delírio não tirarão muito proveito do livro. O livro é bom, e a iniciativa de Alister em responder ao maior best-seller ateísta da atualidade tem que ser incentivada, não podemos cruzar os braços enquanto os secularistas avançam na tomada do terreno intelectual. É no mundo das idéias que devemos agir se quisermos preparar o terreno para a pregação do Evangelho de Cristo.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Amando a Deus de Todo o Entendimento



“Fé é confiar no que você tem razão para acreditar que é verdadeiro e confiável.”
J.P.Moreland

No mundo evangélico hoje predomina uma nociva e demoníaca cultura anti-intelectual. A teologia é menosprezada e vista como um conhecimento inútil que só serve para atrapalhar.
Frases como “Deus capacita os mais fracos” norteiam esse pensamento que é, em parte, fruto de uma visão errada do conceito bíblico de fé, e também fruto de uma confusão nas palavras de Jesus quando falou que devíamos ser como crianças, o que ele estava dizendo era que devíamos ter a fé de uma criança, mas não a mente de uma criança! C.S.Lewis disse “Deus quer que tenhamos um coração de criança, mas uma mente de adulto”. E as pessoas crêem na falácia de que qualquer ação intelectual do homem é falta de fé na ação do Deus do “impossível” e ao invés de raciocinar devemos nos ater a orar e jejuar. Ao contrário do que pensam muitos dos crentes, esse pensamento é herético e destruidor dos fundamentos da nossa fé. Arrisco dizer que muito do estado caótico em que a Igreja se encontra se deve ao fato de sermos uma geração de cristãos ignorantes e anti-intelectuais. O maior mandamento deixado por Jesus foi “amar a Deus de todo coração, alma e entendimento” (Mt 22.37), mas infelizmente a última parte do mandamento é negligenciada. A palavra “entendimento” no original em grego é διάνοια (dianoia) que significa “pensamento profundo”, portanto devemos amar a Deus em todas as esferas da nossa vida, emocional, espiritual e também intelectual.

Como amamos a Deus com nossa razão? Acima de tudo, o crente tem que conhecer as bases de sua própria fé investindo no profundo conhecimento bíblico e teológico. Martinho Lutero dizia que a teologia nada mais é que a gramática da língua do Espírito Santo. É exatamente isso que a teologia é. E desafio alguém a investigar a história do Cristianismo e encontrar algum grande homem de Deus da história que não tenha sido também um profundo conhecedor das Escrituras. Em segundo lugar, o crente tem que conhecer filosofia, especialmente filosofia da religião, e apologética (defesa racional da fé) ambas essenciais tanto para o fortalecimento da própria fé quando para prover respostas racionais aos céticos como a Bíblia ordena em 1Pedro 3.15. Basta um estudo superficial da Bíblia e da história da Igreja e vemos o quão importante a teologia, a filosofia, e a apologética foram para a fé cristã. A começar pelo próprio Deus que em Isaias 1.18 incentiva o povo a raciocinar. Cristo que era mestre na retórica e se salvava como ninguém das arapucas lógicas dos fariseus, saduceus e herodianos como vemos no capitulo 12 de Marcos. O apóstolo Paulo que foi educado por Gamaliel, o maior sábio da época, citou poetas e filósofos pagãos em seus escritos (At 17.28, 1Co15.33, Tt 1.12), argumentava com os gentios como visto em Atos 17, persuadia - usando a argumentação intelectual - as pessoas a crerem em Cristo (At 17.4, At 28.23) e se dizia responsável pela defesa e confirmação do evangelho (Fp 1.7,16). (Se quisermos ser como Paulo porque não seguir o exemplo dele?). Apolo que convencia publicamente os judeus que o Cristo é Jesus (At 18.28). Tito ordena que os ministros tenham poder para convencer os que o contradizem (Tt 1.9) e Judas nos exorta a batalhar pela fé (Jd 3). Um passo além da geração do Novo Testamento, encontramos os pais da Igreja primitiva e seus tratados, apologéticas e cartas de uma inteligência brilhante, homens que foram fundamentais na autoconfiança e vigor da Igreja Cristã, pois esses homens mostraram que a comunidade cristã era tão intelectual e culturalmente rica quanto a cultura pagã que a circundava. Pulando alguns séculos até os grandes avivamentos do século XVIII, encontramos os grandes avivalistas John Wesley que dizia que o ministro deveria estudar “lógica, metafísica, teologia natural e geometria” habilidades negligenciadas pelos ministros evangélicos de hoje; e Jonathan Edwards teólogo e presidente da Universidade de Princeton. E mais recentemente, Billy Graham, o maior evangelista do século XX, disse que se pudesse recomeçar tudo de novo estudaria três vezes mais e tiraria seu Ph.D em antropologia! Ufa! Diante de tantas evidências em favor do uso da razão na fé cristã, como alguém pode argumentar contra?

Desde o inicio do século passado, com o avanço da ciência e os ataques intelectuais a religião, os cristãos preferiram se calar ao invés de contra-argumentar intelectualmente. E por isso a fé cristã acabou intelectualmente marginalizada, ao contrário do que fora outrora. Hoje a Igreja é mais guiada por sentimentalismo do que por convicções. Se quisermos uma Igreja forte e atuante devemos recuperar o espírito intelectual da Igreja, pensar de forma critica e aprender a aplicar a cosmovisão cristã a todas as áreas do conhecimento humano. Se quisermos transformar o mundo de forma eficaz devemos começar pela renovação de nossas mentes (Rm 12.2). Uma das desafiadoras tarefas dos pensadores cristãos é ajudar a mudar a tendência intelectual contemporânea de tal modo a favorecer um ambiente sociocultural onde a fé cristã possa ser considerada uma opção intelectualmente aceitável por homens e mulheres esclarecidos¹. Mas isso é fruto de muito estudo e esforço intelectual. Deus detesta preguiçosos, e os intelectualmente preguiçosos não fogem à regra. Nós somos responsáveis diretos pelo futuro da Igreja, se nós não nos dedicarmos com afinco ao estudo aprofundado da Palavra, se não zelarmos pela correta compreensão das Escrituras, se não fortalecermos os alicerces da Igreja disseminando as idéias cristãs, o mundo será levado por idéias anticristãs e a Igreja Evangélica não vai suportar por muito tempo os ataques do pós-modernismo e das filosofias seculares, pois as pessoas são movidas por idéias. Idéias cristãs deixarão o solo fértil para a mensagem do Evangelho, idéias ateístas tornarão a penetração do Evangelho praticamente impossível. Portanto ,Despertai, Bereanos!
¹MORELAND, J.P; CRAIG, William Lane. Filosofia e Cosmovisão Cristã. São Paulo. Vida Nova. 2005
Vitor Pereira 23.05.2007

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Eu li Psicologia das Multidões - Gustave Le Bon



Clássico do inicio do século passado, escrito pelo médico e sociólogo francês Gustave Le Bon. Esse excelente livro trata do comportamento do individuo quando em grupo. Esse é o tipo de livro que todo cristão deveria ler para estar bem afiado para desmascarar lideres evangélicos mal-intencionados que manipulam os fiéis de forma maléfica. O livro mostra como é fácil manipular multidões, sejam elas cultas ou incultas, por serem altamente influenciadas com promessas, imagens e ilusões. Quem domina é aquele que consegue iludir a multidão, quem tenta desiludi-la se torna sempre vitima. As multidões são incapazes de pensar alheio ao que lhes é sugerido, essa é a realidade evangélica atual, conhecer a arte de impressionar as multidões é conhecer a arte de as governar. Recomendadissimo!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Conhecer a arte de impressionar as multidões, é conhecer a arte de governa-las

"As multidões nunca estiveram sequiosas de verdades. Perante as evidências que lhes desagradam, afastam-se, preferindo deificar o derro, se o erro as seduz. Quem sabe iludi-las, facilmente as domina; quem tenta desiludi-las, torna-se vitima delas." Psicologia das Multidões - Gustave LeBon

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Futebol ou politica?

Santana Lopes, politico português, abandona entrevista pela SIC Notícias, após ser interrompido pela transmissão ao vivo da chegada do técnico de futebol José Mourinho ao país.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Aline Barros na Novela "Duas Caras"

A cantora gospel Aline Barros, que vende mais de dois milhões de discos, estréia na trilha sonora de uma novela da Globo. Em 'Duas Caras', de Aguinaldo Silva, ela vai cantar 'Renascer', de Marcelo Manhães, parte de seu novo CD, 'O Poder do Teu Amor', do selo LGK. A música é tema de Dalva (Leona Cavalli), dependente química, que tenta se recuperar e, depois que consegue, se torna evangélica.

Carioca, 30 anos, nascida na Penha, Aline Barros faz 20 shows por semana e é a única cantora independente do gênero. A ligação dela é só com a religião. Nos bastidores da nova produção das 21h, comenta-se que Aline deverá fazer participação cantando ao vivo na igreja.

Eu li... Freud e a Questão da Religião - Hans Kung

...e gostei!Freud e a Questão da Religião - Hans Kung


Nesse ótimo livro, Hans Kung, psicólogo clínico e teólogo católico, faz uma análise do ateísmo de Freud e suas premissas. Kung mostra os erros das teorias da religião de Freud e como outros profissionais da psicologia reagiram as teorias Freudianas da religião, o autor também faz um apelo à união entre psicologia e religião esta última reprimida pela primeira. E também fala de como outros grandes psicanalistas como C.G.Jung, Adler e Rollo May encaravam a religião.

 
Free Host | lasik surgery new york