terça-feira, 1 de abril de 2008

Eu li... O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê - Bart Ehrman

...e gostei!
O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê
Bart. D. Ehrman



Nem só de Richard Dawkins vivem os céticos. Bart D. Ehrman, Ph.D em Teologia pela Princeton University, também provê munição aos questionamentos do cristianismo ortodoxo. A diferença é que ele ataca justamente aquilo que pode destruir a fé cristã – o Novo Testamento. Nesse livro sua intenção é justamente mostrar que o Novo Testamento, como nós o conhecemos não é confiável por ter sido vitima de milhares de alterações voluntárias e involuntárias nas mãos dos copistas ao longo dos séculos.


Antes de começar a ler esse livro eu já tinha uma “conclusão” em mente. "É mais um ataque ridículo e infundado à fé cristã". Ao longo da leitura o livro me surpreendeu positivamente pela sua qualidade e fundamentação. Embora, eu acredite que o objetivo do autor passou longe de ser alcançado.


Bart começa seu livro narrando sua história de conversão, seu processo de nascer-de-novo, o preenchimento do vazio interior, que segundo o próprio era simplesmente devido ao fato de ser um adolescente. Para ele esse vazio é natural na fase da adolescência. O autor interpreta criticamente sua história de conversão e a atribui a persuasão de seu líder Bruce da Youth For Christ e de sua capacidade de citar a Bíblia espontaneamente. Tudo era muito persuasivo. Bart decidiu entrar para o Moody Bible Institute, seu objetivo inicial era se tornar uma voz ativa do meio cristão entre os pesquisadores seculares. Mas ao ter contato com a língua grega, ele começa a perceber a diferença os “originais” em grego e as traduções modernas da Bíblia. Ele então começa a ser perguntar se a doutrina da inspiração não é exclusividade da elite acadêmica, visto que dos manuscritos gregos às traduções há grandes divergências que não permitem uma compreensão precisa do sentido dos textos bíblicos. Até que em Princeton, depois de argumentar numa monografia, tentando justificar um erro textual de Marcos 2 onde diz “Quando Abiatar era sumo sacerdote” (Que na verdade era Abimeleque, seu pai. 1Sm 21.1-6) recebe como resposta de seu professor um “Talvez Marcos simplesmente tenha errado.” Essa resposta fez as comportas se abrirem, provavelmente haveriam outros erros nas Escrituras.


Bart então nos mostra a importância do livro para o cristianismo, não só dos textos sagrados, mas também martirológios, apologias, tratados e regras eclesiásticas. O segundo capitulo é sobre a ignorância dos copistas antigos que muitas vezes sequer sabiam ler (!) mas apenas copiavam o que “liam” por imitação, isso aliado ao estado em que se encontravam os textos gregos – muitos deles eram escritos em scriptuo continua, ou seja, sem pontuação e as vezes sequer espaço entre as palavras – tornavam a tarefa de reproduzir um texto altamente problemática. Bart cita o fato de as primeiras cópias dos livros do Novo Testamento serem produzidas não por copistas profissionais, mas sim pelos membros ricos e instruídos das Igrejas como um motivo a mais para descrermos na precisão das cópias. O curioso é que no capitulo anterior, Bart diz que os copistas profissionais muitas vezes sequer sabiam ler, ora, se essa era a realidade não seria então de se esperar que as cópias produzidas pelos membros mais instruídos das Igrejas fossem ainda mais precisas?


Vamos agora analisar alguns dos problemas textuais que Ehrman nos mostra.


A Epístola de Paulo aos Gálatas. “
Provavelmente esta carta foi não escrita pelo próprio Paulo, mas sim ditada por ele a um copista-secretário. A prova disso vem no fim da carta, onde Paulo acrescentou um pós-escrito de próprio punho, para que os destinatários pudessem saber que ele era o responsável pela carta (uma técnica comum em cartas ditadas na Antiguidade): “Vejam por essas letras grandes que eu estou escrevendo a vocês de próprio punho” (Gl 6,11). Em outras palavras, sua escrita de próprio punho era maior e provavelmente de aparência menos profissional que a do copista a quem ele ditara a carta. Assim sendo, se ditou a carta, Paulo a teria ditado palavra por palavra? Ou teria exposto os pontos básicos e permitido ao copista preencher o resto? Ambos os métodos eram comumente usados por aqueles que escreviam cartas na Antiguidade. Se o copista preenchia o restante, como podemos ter certeza de que o fazia exatamente como Paulo queria? Se não, temos realmente as palavras de Paulo, ou serão elas palavras de um copista desconhecido? Mas, suponhamos que Paulo ditasse a carta palavra por palavra. É possível que em algumas passagens o copista tenha escrito palavras erradas? As coisas mais estranhas podem ter acontecido. Se foi assim que se deu, então o autógrafo da carta (isto é, o original) já teria um “erro” em si, de modo que todas as cópias subseqüentes não seriam cópias das palavras de Paulo (nos lugares onde seu copista cometera erros.)” (EHRMAN, p. 68-9). Muita argumentação mas pouca eficiência. Bart tenta desqualificar não só as cópias mas sim já o próprio original! Toda sua argumentação pode ser destruída com um pouco de raciocínio. Oras, não é de se esperar que após ditar uma carta o autor a releia para saber se o que foi escrito condiz com o que ele ditou? Mas é óbvio! Mesmo se na releitura alguma alteração passasse despercebida aos olhos de Paulo certamente não seria uma alteração de conseqüências catastróficas a fé cristã! Isso mostra a necessidade que os céticos têm de enxergar problemas onde eles simplesmente não existem. Muito barulho por nada.


1Corintios 5-8.
Paulo nessa passagem nos adverte contra a perversidade. Isso pelo menos é o texto ao qual nós temos acesso pelas nossas traduções. Mas em alguns manuscritos não é contra a perversidade (PONERAS) que Paulo nos adverte, mas sim contra a imoralidade sexual (PORNEIAS). Mas será que isso alteraria alguma regra de conduta do cristianismo? Tanto a imoralidade sexual quando a perversidade não são condenadas em inúmeras outras passagens das Escrituras? O fato de (talvez) não sabermos o que Paulo escreveu realmente em nada altera a fé que nós conhecemos e praticamos.


Apocalipse 1.5.
Também aconteciam erros com palavras homófonas, isto é, com fonia idêntica, isso acontecia quando um copista copiava um texto que estava sendo ditado. No caso de Ap 1.5 onde o autor diz “nos livrou de nossos pecados”. O termo grego para “livrou” (LUSANTI) soa exatamente como o termo “lavou” (LOUSANTI). Portanto, não é de surpreender quem em certo número de manuscritos medievais o autor ore àquele que “nos lavou de nossos pecados”. Mais uma vez, quais são as conseqüências da divergência entre “livrou” ou “lavou”? Absolutamente nenhuma! O sentido permanece o mesmo seja qual for a palavra utilizada


Romanos 12.11.
Muitas vezes, para ganhar tempo e espaço, os copistas abreviavam certas palavras. Abreviaturas muito comuns envolviam o que os pesquisadores chamam de nomina sacra (nomes sagrados), um grupo de palavras como Deus, Cristo, Senhor, Jesus e Espírito, que vinham abreviadas ou porque ocorriam muito freqüentemente ou para mostrar que elas deviam ser objeto de atenção especial. Por vezes, essas várias abreviaturas levavam copistas posteriores a uma espécie de confusão, porque eles confundiam uma abreviatura com outra ou tomavam uma abreviatura por uma palavra inteira. Por exemplo, em Romanos 12.11, Paulo exorta seu leitor a “servir ao Senhor”. Mas a palavra Senhor, KURIOW, geralmente era abreviada nos manuscritos por KW (com uma linha em cima), o que levou alguns copistas antigos a entendê-lo como abreviatura de KAIRW, que significa “tempo”. Desse modo, nesses manuscritos, Paulo exorta seu leitor a “servirem ao tempo”. Mais uma vez não resta dúvidas sobre qual palavra constava no texto original de Paulo, o próprio Bart explica o motivo da confusão.


Existem outras controvérsias textuais citadas pelo autor como a dúvida em relação autenticidade da história da mulher adúltera em João 8, os 12 últimos versículos de Marcos, a passagem de 1 João que afirma explicitamente a Trindade entre outras. Mesmo se tais passagens não forem autenticas elas não têm a capacidade de alterar nada do que os cristãos crêem, visto que a misericórdia de Jesus Cristo não é exclusividade da história de João 8, a ressurreição de Jesus Cristo não é exclusiva dos versículos finais de Marcos (vide o credo de 1Co15!), e a Trindade pode ser deduzida de outras passagens da Escritura além da passagem de 1 João. O sentido pleno das Escrituras não é ameaçado por controvérsias textuais, não é a toa que Bruce Metzger, mentor de Bart Ehrman, afirmou que o Novo Testamento é 99.5% puro em relação ao original. Não é de se surpreender que em alguns manuscritos existam alterações grosseiras ao texto bíblico, já que é de se esperar que assim como muitos deturpam o sentido das Escrituras hoje, o mesmo acontecesse no passado. Pode ser verdade que não possamos ter certeza de 100% das palavras contidas no Novo Testamento (Pensem em quantas pregações são baseadas em uma única palavra das Escrituras!), mas podemos ter certeza da confiabilidade do conjunto. Termino o livro com uma sensação de “era só isso?”. É um excelente livro para o primeiro contato com a critica textual e as controvérsias do texto do NT, abre nossa mente e na minha opinião edifica a nossa fé, mas não é suficiente para destruir o fundamento da nossa fé – o Novo Testamento.



16 comentários:

Paulo Camargo disse...

Olá Vitor, primeiramente parabéns pelo excelente conteúdo do blog. Meu nome é Paulo, escrevo no blog pcnotas.com.br e gostaria de convidá-lo para postar as suas resenhas no blog http://cafecomlivro.wordpress.com

DTA.
[]'s

Vitor Grando disse...

Obrigado pelo convite Paulo!
Postarei minhas resenhas em breve pois estou sem tempo, me explique como fazê-lo!
Um abraço!

Leandro Teixeira disse...

Paz, Vitor, tudo bem?
Postei no meu blog um artigo sobre este livro que você leu, na verdade, uma tradução do artigo.

http://liberdadeepensar.blogspot.com/2008/04/quem-alterou-biblia-e-por-qu.html

Dá uma passada lá!
Abraço.

Hélio Pariz disse...

Oi, Vitão!

Ótimo texto, pra variar. Não sei se o autor trata isto no livro, mas eu compartilho da opinião de outros teólogos de que o Espírito Santo age na História, e mesmo essas pequenas distorções textuais que foram produtos da intervenção de copistas despreparados, ou mesmo algumas interpolações feitas de boa fé, não têm o condão de impedir que a Verdade prevaleça, que a pureza do evangelho permaneça, e que Deus continue agindo através da Sua Palavra, por mais que algumas pessoas tentem deturpá-la.

Abração!

Unknown disse...

Antes preciso ler o livro.

Informadordeopiniao disse...

Uma outra questão: não fazemos idéia da época da inserção da perícope de João 8. Podia muito bem circular no ambiente joanino, e fazer parte de algumas tradições de lá; ser uma perícope flutuante precoce. Não é uma afirmação gratuita, é coerente. Não implica que a passagem seja falsa.
Ehrman não explica que praticamente todas as palavras que envolvem complicações é porque são difíceis de traduzir do grego, ou não encontram traduções.

humarlon disse...

que a cada dia mais o Senhor Jesus venha te usar como atalaia nesses dias, assim como usou Jetro, João Batista e Barnabé, me alegro em saber que existem homens que confrontam a sutileza que vem para denegrir a verdade de Cristo.Humarlon-valença-RJ

Anônimo disse...

jesus te guarde.

Anônimo disse...

Que Deus continue te usando para confrontar a sutileza de denegrir a mensagem principal de Cristo, como vc citou, o ponto principal do evangelho é que Deus deu o seu filho, para nos curar livrar e salvar, por isso olhemos firme para o alvo e ñ nos distraiamos com por menores.

Alexandre de Oliveira Kappaun disse...

Prezado Sr. Vitor Grando,

Talvez o senhor o tenha feito inadvertidamente, talvez não. Mas a verdade é que os seus comentários ao excelente livro de Bart Ehrman ficaram apenas na superfície. A grande discussão, aquela referente ao capítulo sobre as alterações teologicamente motivadas do texto bíblico ficaram de fora.

O senhor não discutiu, por exemplo, o debate que Ehrman desenvolve acerca da misoginia de setores inteiros do cristianismo nascente, que resultaram em alterações profundas nas epistolas de São Paulo e na visão que a Igreja tinha (ainda tem até hoje, infelizmente) da mulher e da participação dela na comunidade cristã. O mesmo argumento pode ser usado em relação às razões teológicas para o antissemitismo do pensamento cristão.

Diferentemente do senhor, concluo, portanto, que a contribuição de Ehrman não é apenas superficial, mas substantiva, pondo a prova muitos dos argumentos da fé cristã tradicional. A menos que esta fé não seja baseada na razão, e sim num fanatismo inato. Mas aí, neste caso, nem adianta discutir.

Espero que o senhor leve os meus argumentos em consideração!

Com todo respeito,
Alexandre de Oliveira Kappaun
Professor e Tradutor
Mestre em Estudos de Gênero pela Central European University (Budapeste, Hungria)

informadordeopiniao disse...

Sr. Alexandre,

a questão é que as conotações e semânticas dos termos são recebidas em um molde cultural histórico. Nisso, traduções flutuam. Tal como o debate em torno dos termos "askernokotai" e "malakoi", que já foram referidos como masturbação, sensualidade, e hoje se faz questão de ser homossexuais.

Mas o que consta é que não se pode ser anacrônico e projetar preocupações de hoje; não é porque se imerge em ambientes que discutem o feminismo que se vai criar suposições sem o mínimo de ferramentas de controle de onde se vem e para onde se vai, que foi o que Ehrmann fez.
Sem contar a parte do "antissemitismo"(sic), pq o que vemos foi que ele cai no que Chesterton zombava: na ânsia de catar qualquer pau para bater no cristianismo, se consegue ser frontamente paradoxal e atacar por duas acusações contraditórias ao mesmo tempo. Ele acusa de serem "opressores" por não aceitar o marcionismo, que era radicalmente antissemita, em nome de apegos ao judaísmo, pra vir com murrinhas sobre antissemitismo (havia sim intolerância religiosa - sendo que em um tempo anterior judeus denunciavam cristãos e iam ver suas execuções - não racial: olha o anacronismo antiintelectual aí) pra depois caçar sôfregamente outro pau para bater.

Então, diferentemente do senhor, concluo que o Ehrmann largou a fé mas ficou com o fundamentalismo do ambiente que fora criado; só mudou de lado, provando que o problema não era a fé.

informadordeopiniao disse...

"Diferentemente do senhor, concluo, portanto, que a contribuição de Ehrman não é apenas superficial, mas substantiva, pondo a prova muitos dos argumentos da fé cristã tradicional"

Como eu falei da questão de ferramentas de controle; o senhor pulou (pôs a prova o quê?) para esse ponto sem chegar a ele com demonstrações e raciocínio lógico; deu um salto, o que acaba sendo petição de princípio.

Gustavo disse...

Olá, Vitor!!

Hoje terminei a tradução de uma revisão do livro de Ehrman, feita por Daniel B. Wallace.
Espero que goste também.

http://www.e-cristianismo.com.br/pt/teologia/apologetica/126-evangelho-bart

Anônimo disse...

Os erros de tradução não se estendem a penas a uns poucos textos bíblicos, até mesmo em filmes cristãos como Lutero,o pro pio diz que a divergências no geral, pois tem palavras com o mesmo sentido e que foram traduzidas para outro sentido, tipo o mais clássico que é o de Maria ser virgem, o termo virgem era bem próximo de jovem, então quem daria a luz a um filho não seria uma virgem, seria uma jovem. Isso fica até bem evidente já que supostamente foi profetizado no velho testamento, mas lá dizia que seria descendente de Davi, e Maria não descende de Davi, José sim, portanto para a profecia ser comprida José teria que ser o pai de Jesus.
Os erros bíblicos não são só em termos de tradução,a bíblia foi uma compilação de textos feita por pagãos que não compreendiam o judaísmo, por isso cortaram a cena do casamento de Jesus e colocaram a cena sem sentido de Maria madalena banhar os pés de Jesus, no casamento judaico a noiva e o noivo são banhados com olho, Maria madalena não era a louca, era da nobreza judaica, assim como Jesus, eles se casaram, tem alguns trechos que deixam bem evidentes que haviam três mulheres, apesar de serem tratadas como uma.

NOAHIDE disse...

Coisa fácil de se resolver. Ehrman obteve uma resposta obscura de seu tutor, a razão lhe veio.

Os 4 evangelhos foram escritos num idioma pagão, era pra ter sido UM. Discordam entre sí, e esse papo de que erros 'pitiquim' não afetam o conjunto estrapola a apologia, vira apelogia.

Jogar a culpa nos copistas é desculpa, até Josefo foi adulterado, e por quem? Igreja!!!

Só pegar os originais GREGOS, que foram TODOS encontrados no EGITO. Traduzí-los ao pé da letra, e sendo justos, por crentes e ateus.

O mais antigo data de 175~250, uma cópia de Marcos, e está na Biblioteca nacional da França. Os demais são mais recentes, mas muitos dos séculos II, III. Não há essa discrepância de épocas, costumes. O Império ainda existia durante a composição de TODOS ELES.

O resultado dirá quem mudou o testamento, e porque.

Acho que usando-se as provas originais não cabe recurso, né?

“A Razão deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da Fé. Quem quiser ser um cristão deve arrancar os olhos de sua Razão.”

Martinho Lutero - Monge agostinho 1483-1546

Vitor Grando disse...

NOAHIDE,

1) Você fez um monte de alegações, no entanto não apresentou provas de nenhuma. Não é assim que se debate.

2) Você não dialogou com nada do que eu escrevi. Assim, você atacou um espantalho, mas não meus argumentos.

3) Você falou uma besteira sem tamanho. O Papiro John Rylands data de 100-125 d.C. Vá estudar um pouco mais e seja mais rigoroso com suas fontes.

4) Provas, provas, PROVAS! Interesso-me por provas, fontes, argumentos. Alegações infundadas que fiquem para sua roda de amigos, pois aqui blábláblá não tem vez.

Aprenda a debater e se informe melhor antes de fazê-lo. Se vier de esperneio de garoto mimado não terá seu comentário aceito da próxima vez. Estude mais um pouquinho e venha com argumentos!

Vitor

 
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