quinta-feira, 17 de maio de 2007

Milagres: Por que são tão raros hoje?

A Ressurreição de Lázaro

Ao comparamos as páginas do livro de Atos à Igreja Cristã de hoje, percebemos uma nítida diferença. A Igreja primitiva era uma Igreja de milagres, sinais e prodígios e, no entanto, hoje não vemos o mesmo acontecendo na Igreja e nos perguntamos... Por quê?

Primeiramente penso que o evangelho vivido hoje é um evangelho bastante diferente do vivido há 2000 anos atrás. As pessoas largavam tudo para seguir a Cristo, viviam exclusivamente para Ele, enquanto hoje vivemos numa sociedade por demais secularizada. Os Apóstolos que haviam convivido três anos com o mestre estavam vivos e, sem dúvida, a nossa fé nem de longe pode ser comparada com a deles.

Outro ponto interessante a frisar é que grande parte dos milagres eram realizados por intermédio dos Apóstolos¹, os quais provavelmente tinham uma autoridade especial concedida por Jesus visto que sempre que Jesus aparece nas páginas dos evangelhos fazendo promessas mirabolantes em relação à oração, como por exemplo “tudo que pedirdes crendo, recebereis”, ele se dirigia ao grupo de apóstolos e não à multidão. Tendo convivido três anos com Cristo provavelmente eles, mais do que qualquer um, saberiam quais orações contribuiriam para o avanço do Reino de Deus e quais seriam mera vaidade. Esse mesmo poder em nossas mãos provavelmente nos motivaria a segui-lo simplesmente por conforto e comodidade. O Cristianismo, diferente de hoje, começou com um pequeno grupo que enfrentou todo tipo de situações adversas, grande perseguição, tribulações, risco de morte. Nero iniciara uma grande perseguição aos cristãos em 66dC, culpando-os pelo incêndio em Roma e todos os apóstolos, com exceção de João, morreram martirizados. Um pequeno grupo de frágeis indivíduos não seria capaz de suportar e muito menos se expandir em tais condições se não fosse com a notória ajuda divina. Os milagres eram, então, necessários para a expansão do Cristianismo. Como se não bastasse, não havia imprensa na época, não havia Bíblias de estudo em diversos idiomas, concordâncias, dicionários, comentários. Até o puro texto bíblico em si era raro e inacessível, restrito às mãos de uns poucos homens, já que o trabalho de produção de livros era trabalhoso e manual, além disso o Novo Testamento ainda não existia, as pessoas não tinham informação sobre Jesus. Assim, os milagres eram necessários como comprovação divina da veracidade da pregação dos apóstolos.

Um dos lemas da reforma protestante foi a “Sola Scriptura” (Somente as Escrituras). Lutero disse “Fiz uma aliança com Deus, que Ele não me mande sonhos nem visões, nem mesmo anjos, estou satisfeito com o dom das Escrituras que me dão instrução abundante para tudo que eu preciso saber”. Hoje temos acesso a registros históricos do que se passou na época. Temos a Bíblia, que testemunha a respeito de Jesus, tudo que precisamos saber está em nossas mãos, não precisamos de milagres e novas revelações divinas, tudo está escrito. Devemos é dar graças a Deus por permitir que vivamos um evangelho tão confortável como vivemos hoje. Mais do que com milagres, devíamos nos preocupar em refletir o caráter da Igreja primitiva, amor pelo próximo, serviço, comunhão. Quem sabe dessa forma os milagres não voltam?...

¹At 2.43
Vitor Pereira 18.10.2006

1 comentários:

Raphael Rap disse...

Tendo a concordar com teu comentário, da forma que o evangelho hoje é levado, o simples praticar do amor seria um milagre...

 
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